quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ser Psicólogo

Queridos,
Temo não conseguir postar alguma coisa nos próximos dois dias, e como sexta-feira, dia 27 de agosto, é dia do psicólogo, estou antecipando minha homenagem a meus colegas de profissão. Também é uma forma dos leigos conhecerem um pouco do nosso trabalho:

"Ser psicólogo é uma imensa responsabilidade.
Não apenas isso, é também uma notável dádiva.
Recebemos o dom de usar a palavra, o olhar,
as nossas expressões, e até mesmo o silêncio.
O dom de tirar lá de dentro o melhor que temos
para cuidar, fortalecer, compreender, aliviar.
 Ser psicólogo é um ofício tremendamente sério.
Mas não apenas  isso, é também um grande privilégio.
Pois não há maior que o de tocar no que há de mais
precioso e sagrado em um ser humano: seu segredo,
seu medo, suas alegrias, prazeres e inquietações.
Somos psicólogos e trememos diante da constatação
de que temos instrumentos capazes de
favorecer o bem ou o mal, a construção ou a destruição.
Mas ao lado disso desfrutamos de uma inefável bênção
que é poder dar a alguém o toque, a chave que pode abrir portas
para a realização de seus mais caros e íntimos sonhos.
Quero, como psicólogo aprender a ouvir sem julgar,
ver sem me escandalizar, e sempre acreditar no bem.
Mesmo na contra-esperança, esperar.
E quando falar, ter consciência do peso da minha palavra,
do conselho, da minha sinalização.
Que as lágrimas que diante de mim rolarem,
pensamentos, declarações e esperanças testemunhadas,
sejam segredos que me acompanhem até o fim.
E que eu possa ao final ser agradecido pelo privilégio de
ter vivido para ajudar as pessoas a serem mais felizes.
O privilégio de tantas vezes ter sido único na vida de alguém que
não tinha com quem contar para dividir sua solidão,
sua angústia, seus desejos.
Alguém que sonhava ser mais feliz, e pôde comigo descobrir
que isso só começa quando a gente consegue
realmente se conhecer e se aceitar."

Desconheço o autor desse texto, mas é simplesmente lindo!!
Parabéns a todos os psicólogos.
Um forte abraço.
 

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Associação

Queridos,
Estudando um pouco mais a teoria junguiana, me veio a idéia de que muitas pessoas acham que Jung é psicanalista assim como Freud, porém isso não é verdade. Jung trouxe a idéia da Psicologia Analítica, o que é diferente da Psicanálise proposta por Freud, embora ambas as teorias acreditem que a dinâmica do ser humano esteja no inconsciente, ou seja, o olhar que cada uma tem para o inconsciente é um  pouco divergente.
Nas duas teorias temos um conceito que se chama Associação, porém cada um se baseia em noções diferentes. Trago aqui um trecho do livro Memórias, sonhos, reflexões de Jung:
"Associação - Encadeamento de idéias, de percepçõs, etc., segundo a semelhança, conexão e oposição. Associações livres na interpretação de sonhos de S. Freud; cadeias de associações espontâneas do sonhador, que não se relacionem necessariamente com a situação onírica. Associações dirigidas ou controladas na interpretação junguiana dos sonhos; idéias espontâneas cujo ponto de partida é a situação onírica dada, e que sempre se relacionam com ela."
Espero ter contribuído para a elucidação do tema. Na próxima postagem tratarei dos temas consciência e inconsciente.
Não custa lembrar que o espaço é aberto a comentários, divirtam-se!
Um forte abraço.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O conceito de Arquétipo para Jung

Pessoal, infelizmente tenho me ausentado além da conta. Mas são coisas da vida, às vezes tomamos caminhos inesperados para se alcançar o objeivo traçado. Mas estou de volta, e dessa vez trago como contribuição aos estudos daqueles que desejam conhecer e daqueles que desejam aprimorar o que já sabem o conceito de arquétipo proposto por Jung. Divirtam-se:
"O conceito de arquétipo... deriva da observação reiterada de que os mitos e os contos da literatura universal encerram temas bem definidos que reaparecem sempre e por toda parte. Encontramos esses mesmos temas nas fantasias, nos sonhos, nas idéias delirantes e ilusões dos indivíduos que vivem atualmente. A essas imagens e correspondências típicas, denomino representações arquetípicas. Quanto mais nítidas, mais são acompanhadas de tonalidades afetivas vívidas... Elas nos impressionam, nos influenciam, nos fascinam. Têm sua origem no arquétipo que, em si mesmo, escapa à representação, forma pre-existente e inconsciente que parece fazer parte da estrutura psíquica herdada e pode, portanto, manifestar-se espontaneamente sempre e por toda parte.
É muito comum o mal-entendido de considerar o arquétipo como algo que possui um conteúdo determinado; em outros termos, faz-se dele uma espécie de "representação" inconsciente, se assim se pode dizer. É necessário sublinhar o fato de que os arquétipos não têm conteúdo determinado; eles só são determinados em sua forma e assim mesmo em grau limitado. Uma imagem primordial só tem um conteúdo determinado a partir do momento em que se torna consciente e é, portanto, preenchida pelo material da experiência consciente. Poder-se-ia talvez comparar sua forma ao sistema axial de um cristal que prefigura, de algum modo, a estrutura cristalina na água-mãe, se bem que não tenha por si mesmo qualquer existência material. Esta só se verifica quando os íons e moléculas se agrupam de uma suposta maneira. O arquétipo em si mesmo é vazio; é um elemento puramente formal, apenas uma facultas praeformandi (possibilidade de preformação), forma de representação dada a priori. As representações não são herdadas; apenas suas formas o são. Assim consideradas, correspondem exatamente aos instintos que, por seu lado, também só são determinados em sua forma. É impossível provar a existência dos arquétipos ou dos instintos, a não ser que eles mesmos se manifestem de maneira concreta.
Provavelmente a verdadeira essência do arquétipo não pode tornar-se consciente, ela é transcendente, ou, como a chamei, psicóide. ("Semelhante à alma", quase-psíquica". Assim Jung caracteriza a camada profundíssima do inconsciente coletivo e de seus conteúdos, os arquétipos, que não podem ser representados. "O inconsciente coletivo representa uma psique que, ao contrário dos fenômenos psíquicos conhecidos, escapa às imagens representativas. Por esse motivo a chamei psicóide.")
Não devemos entregar-nos a ilusão de que finalmente poderemos explicar um aquétipo e assim 'liquida-lo'. A melhor tentativa de explicação não será mais do que uma tradução relativamente bem-sucedida, num outro sistema de imagens."
E í, oque acharam? Fiquem à vontade, o espaço é de vocês.
Um forte abraço!!!