sexta-feira, 8 de abril de 2011

Terror em Realengo

   Parece até filme: a vida real imitando a arte cinematográfica. Derramamento de sangues inocentes em troca de que? O que faz um ser humano passar a vida premeditando um crime de extrema babárie? Hoje, o Brasil, especialmente o Rio de Janeiro, amanhece num tom vermelho-sangue, menos esperançoso, pois alguns de nossos futuros foram tirados covardemente da vida. É surreal ver mães clamando, gemendo, suplicando, lamuriando a morte de seus filhos, sem chance alguma de defesa. Àqueles que perdem seus pais chamamos de órfãos, mas e os que perdem seus filhos? Como chamá-los? Pois é, não tem nome, pois na lei natural da vida os filhos se despedem dos seus pais... 
    Alguns dizem que o assassino, na adolescência, sofria bullying nessa mesma escola e que voltou para se vingar (como se quisesse acertar as contas com o seu passado). Diante disso, aparecem inúmeras interrogações na minha cabeça: Será que o bullying é capaz de transformar o ser humano num assassino ou será que ele potencializa o que há de pior no homem? E quanto quem pratica o bullying, pode ser considerado um "assassino psicológico"? Será que o bullying leva mesmo a esse extremo? É preciso discutir sobre isso com muito cuidado e de forma exaustiva em nossa sociedade e entender que tipo de seres humanos que queremos ser.
     Após ver uma série de reportagens com psicólogos e psiquiatras forenses dizendo que ele poderia ser portador de esquizofrenia, fiquei me perguntando se a nossa saúde realmente trata de seres humanos. O que vemos é realmente um descaso da saúde pública com o nosso semelhante, uma vez que o SUS (instituição destinada a pessoas que não possuem condições financeiras de pagar uma instituição particular) não possui o apoio devido do governo. Essas pessoas também necessitam de ajuda, elas sofrem de um mal que muitas vezes nem elas mesmas entendem. Muito foi dito em relação ao comportamento do assassino: que era muito introvertido, muito calmo, fechado, vivia em seu próprio mundo, não tinha amigos. Imagine você com esse comportamento e as pessoas ao seu redor lhe direcionando um olhar de estranhesa, como se você fosse de outro mundo. É mais ou menos assim que eles se sentem... Que fique bem claro: NÃO ESTOU DE FORMA ALGUMA JUSTIFICANDO O ATO CRIMINOSO! Acredito que se essas pessoas fossem assistidas de verdade e com mais carinho, talvez ele tivesse uma chance de não cometer este crime.
      A carta que o assassino escreveu é como se fosse uma fotografia de seu conteúdo mental, mostra claramente a dificuldade de comunicação com o mundo real (o que é próprio da esquizofrenia). Em um determinado momento aparecem frases de conotação religiosa, as quais, na minha opinião, representam um fanatismo religioso. Tanto a polícia quanto os psicólogos e os psiquiatras acreditam que o crime foi premeditado, o que é próprio dos terroristas. Se juntarmos transtornos mentais com o fanatismo religioso, com certeza "esse bolo explode antes de assar".
     Por outro lado, sabemos que as escolas não possuem segurança. Não é de agora que em algumas delas existem até mesmo tráfico de drogas, onde estudantes se drogam sem o menor constragimento. Onde estão os funcionários dessa escola que não percebem isso? Nessa escola de Realengo, não havia sequer um porteiro para filtrar a entrada. Como é que permitem um homem entrar armado num ambiente educacional sem antes checar o cidadão que adentra??? Sem falar do nosso governo que está no momento preocupado com Copa do Mundo e Jogos Olímpicos (não vou nem me esticar quanto a isso, pois já está muito claro para nós...).
      Muitos tiveram suas vidas interrompidas, seus sonhos interrompidos. Outros terão de lidar com o trauma de verem seus amigos mortos, de verem sangue para todos os lados como se fosse um campo de guerra. Os fantasmas desse episódio digno de um filme de terror irão rondar essas crianças durante muito tempo, e infelizmente essa página jamais poderá ser apagada da cabecinha delas. A imagem do autor do crime disparando tiros indiscriminadamente perturbará o sono desses inocentes. E quanto a dor dos pais que perderam seus filhos de uma maneira brutal, covarde, cruel? Enquanto isso, temos prisioneiros que em época de Natal e Páscoa são permitidos estarem com suas famílias (como presente de bom comportamento) e fogem da prisão. Eis o Brasil das gritantes contradições...
       Peço a Deus que conforte essas famílias e que dê a elas a força, a fé e a esperança que precisam para ir em frente. Agora é tempo de luto, elaboração de tudo o que houve e reconstrução da casa interna. E quanto a nós que assistimos tudo no conforto de nossos lares? Precisamos fazer a nossa parte efetivamente durante as eleições e cobrar daqueles que elegemos durante seus mandatos.
      É preciso refletir sobre as relações humanas e sobre nosso poder público! Que a morte desses inocentes não tenha sido em vão... Amém!

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